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Antônio da Cruz e o Holoesgrafito

Foto do escritor: Palco dos SonhosPalco dos Sonhos

Antônio da Cruz (Maruim, 1956) é conhecido como o poeta do aço porque consegue dar forma artística à fria rigidez desse metal a primeira vista indestrutível. Em sua obra encontramos esculturas de aço de grande porte, como De fibra e dignidade ou Contra todas as forças que nos oprimem que podem se ver nas ruas de Aracaju, e os ‘holoesgrafitos’, que se encontram em exposição na Galeria dos Sonhos.

Os holoesgrafitos são obras planas feitas em chapas de aço com uma técnica chamada "gravação em RPM", criada por Cruz em 2005. A palavra vem da soma de holografia e esgrafito. A primeira é uma técnica que aproveita os efeitos da luz sobre uma superfície plana para dar a sensação de tridimensionalidade na sua gravura. Já o esgrafito é um procedimento em que se retiram camadas para a produção da figura.

Com essa técnica, as obras de Antônio da Cruz evocam os primórdios da fotografia.


Antônio da Cruz, Mundos 1, 2017, Holoesgrafito, 126 x 40 cm
Antônio da Cruz, Mundos 1, 2017, Holoesgrafito, 126 x 40 cm
Antônio da Cruz, Mundos 4, 2017, Holoesgrafito, 126 x 40 cm
Antônio da Cruz, Mundos 4, 2017, Holoesgrafito, 126 x 40 cm

As gravuras de Cruz produzem um recorte do tempo-espaço causado pela marcação das máquinas industriais que criam um mundo a partir da luz que as chapas refletem. É a luz que garante à metáfora fotográfica nas obras de Cruz, o efeito de um território nebuloso, em que não conseguimos ver tudo o que se passa numa transparência inicial. É este mistério pelo próprio material e pelos traços do artista que nos deixa, ao contemplar sua obra, em um território entre o real e o fantástico.


Antônio da Cruz, Transportador de Grafeno, 2017, Holoesgrafito, 60 x 40 cm.
Antônio da Cruz, Transportador de Grafeno, 2017, Holoesgrafito, 60 x 40 cm.

Nas obras Mundos 1 e Mundos 4 podemos reconhecer lugares e arquiteturas da cidade de Aracaju. Há também figuras que flutuam sobre os ambientes, que não sabemos se são humanas ou místicas ou de outro tempo e lugar. Se utilizarmos a metáfora da fotografia primordial novamente, essas figuras podem ser personagens que foram pegos de surpresa pelo artista. Ou são seres que flutuam frutos da luz e da névoa e que, a partir da tridimensionalidade, suplantam a própria superfície aplanada.


Escrito por: Guilherme Guimarães


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