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Retrato do fascismo

Foto do escritor: Luca PiñeyroLuca Piñeyro

Atualizado: 4 de jun. de 2021

Esse quadro tem uma história e uma 'estória', ou seja, um relato comprovado e outro nem tanto, mas que soa bonito. Vamos a história.

Uns anos antes da II Guerra Mundial, Alemanha e Itália estão varridas por regimes autoritários. Espanha se soma ao clube em 1939, com a ditadura do general Franco.

Pablo Picasso mora em Paris -o centro cultural da Europa 'livre'- e não tem inquietudes políticas. Sua vida está centrada na obra pessoal, como precursor do cubismo, e no devir erótico. Mas em 1936, viaja a Espanha, sua terra natal, em plena Guerra Civil, e testemunha o bombardeio do Museu do Prado, por obra das tropas católico-fascistas. A partir dessa viagem, dom Pablo se torna um fervoroso militante.

Fonte: Wikipédia


Em 1937, organiza-se em Paris uma exposição de pintores antifascistas. Picasso está de novo na ‘cidade luz’, trabalhando na obra que vai apresentar nesse evento político artístico, quando uma notícia que lê na imprensa francesa, muda por completo seus planos. Guernica, um povoado espanhol de 7.000 habitantes, é bombardeado pela aviação alemã, aliada do general fascista Franco, a modo de simples advertência. Pois não existe nenhuma razão estratégica que justifique a tempestade de 5.000 bombas -quase uma por habitante- que são lançadas sobre a aldeia. Ainda, quando as pessoas fogem para os campos, os alemães continuam metralhando-os desde os aviões. Restam a destruição total, mil feridos e 1600 mortos.

O resultado artístico desse desastre se converteria numa das obras mais famosas do século XX. A seu modo cubista, apresentando na tela uma realidade fragmentada, desde diferentes pontos de observação, Picasso joga símbolos da Espanha como o touro, junto do desespero dos humanos e animais agonizantes e das mães que perdem filhos, tudo na noite, quase sem luz.

Até aqui a história. Agora a estória:

Contam que quando a França foi invadida pelos nazistas, em 1941, a Gestapo vasculhou a oficina de Picasso, a essa altura um reconhecido ‘comunista’. Num momento, um dos policiais achou uma foto do Guernica e perguntou:

“Foi você que fez isso?”

E Picasso respondeu:

“Não, foram vocês.”

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