Eu, um antiformalista
Vou te dar só uma pista:
Quanta ousadia…
Difere-se do real,
Inova-se no intelectual
Litere-se, se puder
Se essas letras entender
Com um dicionário surreal
Persuada-se no saber
Para então, a literatura ascender
Mas não se iluda
Pare de ler!
Já não vou mais insistir…
Quanta artimanha nos dedos:
Literar o íntimo ser!
E na eloquência alguém ver
E nas palavras desafiar
Além, onde o pensamento vaivém
Mas já pode parar!
Não tente nem interpretar
Se não quiser se literar…
Ou Litere-se, ou enlouquece!
Jotta Matheus, este antiformalista, que vez em quando escreve sonetos, se dispõe a uma tamanha ousadia, como firma o próprio em sua pista: quanta ousadia… o que pede ao leitor: Litere-se! e essa palavra nunca antes ouvida ressoa, de tão completa em si mesma, familiar. Como põe o escritor, entender as palavras com um dicionário surreal e se deixar persuadir pelo saber inscrito em cada uma delas para desvendar um entendimento mais amplo que a lógica, poético. E assim, a literatura ascender. E como põe esta própria reflexão reflexivamente, ou seja, sobre si, você mesmo, leitor, ou outro qualquer, literar-se, litere-se! É um convite a este mergulho de um autoentendimento surreal para uma nova visão das coisas e dai, quem sabe, quantas maravilhosas ideias poderão ascender. No templo de Delfos está escrito “Conhece-te a ti mesmo.”, mas poderia dizer:
Litere-se a si mesmo.

Templo de Delfos, fonte: Pixabay
Poema transcrito do livro:
LITERE-SE, SE PUDER! - O CÂNTICO DOS MEUS PENSAMENTOS, Brasil Casual - 2017.
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