Marat é um dos líderes jacobinos. Como podemos ver no quadro, acaba de levar uma facada na banheira e agoniza. É 3 de abril de 1792. No dia seguinte, Jacques-Louis David, pintor renomado e propagandista da Revolução -chamado de “terrorista feroz” pelos artistas da Corte-, assumia, em público, o compromisso de imortalizar a imagem do companheiro assassinado.
Marat tinha uma doença da pele, uma coceira constante, e a banheira era o único lugar onde conseguia trabalhar com alguma comodidade. Era fundador do jornal ‘O amigo do povo’, desde onde atacava os membros do Antigo Regime e, também, os revolucionários fracos. Os ânimos ardiam e as palavras escritas caiam como faíscas que, de tanto em tanto, provocavam explosões de violência. ‘O amigo do povo’, em defesa dos mais miseráveis, incentivou a ira das mulheres pelo elevado preço do pão, iniciando a série de eventos que terminariam na toma da Bastilha. Por outra parte, ao naturalizar o uso da violência, ajudou na realização do massacre de setembro de 1792, que terminaria com 1400 conspiradores mortos em cinco dias.
Havia razões para gostar de Marat e razões para odiá-lo.

A morte de Marat (Wikipédia)
Jacques-Louis David -como indicava o gosto oficial da época-, pintava cenas da antiguidade greco-romana. Mas como era jacobino, seus quadros escondiam alusões antimonárquicas. Agora tratava-se de algo diferente. Um caso político e policial, quase coisa de fotógrafo jornalístico, que David assume com a intenção de criar um mártir para uma causa política.
A faca ensanguentada está no chão, Marat ferido, uma pena na mão direita, uma carta na outra. Na hora da morte, contudo, ele não está escrevendo. A carta contém um recado do seu carrasco.
Marat era médico, cientista, tradutor de Newton. Atendia a família do irmão menor de Luis XVI. Apesar da boa vida que levava, jamais conseguiu gostar da nobreza. Não podia esquecer que eram a causa do que tinha visto nos anos de estudante nos hospícios e nas prisões.
Por isso, três meses antes da sua morte votou, na Assembleia, a favor da condena para o rei e Luís XVI, que seria guilhotinado pouco depois.

Autorretrato, Jacques-Louis David (Wikipédia)
Charlotte Corday era uma jovem culta, também revolucionária, mas da ala moderada. Considerava que Marat era responsável por milhares de mortes, dizia que era uma “besta selvagem engordada no sangue dos franceses”.
Em 3 de abri de 1792, apresentou-se na casa de Marat. Disse que trazia informação sobre uma conspiração que se estava tramando no bando contrário. Trazia oculta entre as roupas uma faca de cozinha. Marat a recebeu em seu escritório banheira. Ela o esfaqueou e ficou paralisada na cena do crime. GFoi presa e guilhotinada dias depois.
Um dia antes de morrer, Marat publicou em ‘O amigo do povo” seu último artigo, titulado: “Acordemos, é Hora!”.
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