Tanto esforço perdido em ser perfeito!
Em ser superno, tanto esforço vão!
Sonho efêmero; acordo e, junto ao leito,
a mesma inércia, a mesma escuridão. Vejo, através das sombras, um defeito
em cada cousa, e as cousas todas são,
para os meus olhos rútilos de eleito,
prodígios de impureza e imperfeição! Fico-me, noite a dentro, insone e mudo,
pensando em ti, que dormes, esquecida
do teu amargurado sonhador... Ah, Mas, se ao menos, imperfeito é tudo
salve-se, às mil imperfeições da vida,
a humilde perfeição do meu amor!
Este poema me fez pensar em uma frase encontrada no livro de Antoine de Saint-Exupéry, quando a Raposa diz ao Pequeno Príncipe: ...O essencial é invisível aos olhos. O raciocínio de hoje será breve:
Veja bem, pode parecer presunçoso, mas é impossível pensar algo que não existe, ou que não seja formado por coisas que existem. Mesmo se pensarmos coisas impossíveis (ou, ao menos, impossíveis por enquanto) como a ideia de teletransporte que a bem grosso modo seria a ideia de ir de um lugar a outro, mas "sem passar pelo caminho". Uma quimera das ideias de lugar, viagem, deslocamento, tempo, espaço... ainda se pensarmos em criaturas fantásticas como dragão, pégaso, sereia, fada todos são formados da junção de coisas que existem: asas, garras, rabo, patas, corpo... e caso ainda haja alguma dúvida sobre os limites do pensamento, gostaria que o leitor imaginasse uma cor nunca antes vista... ou um "novo" polígono regular... não conseguimos pensar uma nova cor, nem uma nova forma, mas conseguimos pensar o Perfeito, ter uma ideia Dele... nada mais a ser dito.
Retorno à frase da Raposa, que complementa a última estrofe do poema, na qual Hermes nos diz que a salvo das imperfeições da vida, esta a humilde perfeição de seu amor. A frase completa é: "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos."
Quiçá algo perfeito vibre dentro de ti.
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